sexta-feira, 20 de agosto de 2010

sentimentos em transe

Refletir sobre como não podemos nos deixar levar pela Rede de conselheiros é um tanto mais confortável do que falar sobre o desejo de ocupar o lugar de conselheiro. É uma tensão entre a paixão de resolver “os problemas do mundo” e a sensatez de não pegar o telefone e maldizer o outro que agiu conforme você não queria. Minha avó chama isso de “fazer ouvido de mercador”, ou seja, ver, ouvir e ignorar pela complexa razão de que você não tem nada com isso ou aquilo. Mas qual sua válvula de escape? Não adianta dizer, “esquece menina”, porque a frase não tem o efeito especial de sumir com a preocupação. Bem, meu jeito é escrever. Então, fiz algumas reflexões sobre como seria meu diálogo com alguém que não tem ainda consciência da minha preocupação por ela.

Um dia você vai compreender o que escrevi...
Será mais esperta do que eu e me perguntará o porquê de tanto sofrimento por algo contornável, ou não. Explicarei que crianças e adultos não se entendem tão bem como imaginamos. Nossas reações aos mesmos fatos provocam níveis de angústia diferentes. Não sabemos medir o quanto vocês se magoam com nossos comportamentos. Por isso que, ao lhe negar algo, posso sentir uma leve fisgada de arrependimento por vê-la chorar, mas nunca conhecerei a extensão do estrago que causei. Por outro lado, posso morrer de remorso, chorar e você sentir uma pontada de raiva, a qual o tempo e a idade a farão esquecer. Não podemos sentir o mesmo tanto? Olha, até podemos, mas quem vai conseguir mensurar?

Não se assuste, querida, com minhas suposições, o fato é que adulto se esquece de como é ser criança. Vocês estão em vantagem em relação aos nossos maus modos, pois ainda serão adultos, há esperança nisso. Entenda uma coisa apenas: Os desejos e as possibilidades são muito diferentes. Amar alguém é doar e não esperar a doação. Compreende?

Bem, mas por hora, a minha doação é te amar numa quantidade independente de ter ou não seu abraço apertado pela manhã, seu sorriso iluminado ou seus beijinhos de longe. Eu a amo de um jeito que nem os desenhos desajeitados, nem os cantos sem ritmo, nem as gargalhadas altas podem traduzir meus sentimentos. Entretanto, penso que em cada gesto meu você sentirá um tanto ou um pouco do meu amor, e é por isso que vale a pena lhe amar tanto.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Pausa pra historinha

- Alô, quem é?
- Sou eu, uai! Ligou pra mim no celular, desembucha!
- Ah... Nada não. É só pra saber se você está bem.
- Tá tudo ótimo, mas na correria sem poder falar agora.
- Tá bom, depois te ligo.
- Tá bom, tchau, beijos.
Nossa, perdi um tempo danado com essa ligação. Será que vai dar tempo de terminar o texto, mandar pra gráfica, pegar a prova e levar para a empresa? Será que consigo passar no salão depilar, arrumar meus cabelos, pegar o sapato no conserto, arrumar o jantar lá em casa e chegar na hora exata da inauguração? Se conseguir pegar um taxi até o salão, acho que chego a tempo da fala do diretor... É a parte mais importante porque ele pode me procurar na platéia e ver que estou atrasada.
- Alô!
- Oi, Maricota!
- Oi, beleza? Olha to apertada, depois te ligo.
- Ah, tá. Era só pra saber se você gostaria de sair hoje comigo.
- Hoje não dá, não tenho tempo pra cuspir. Beijo.
- Tá depois ligo, beijo.
Ai, esse telefone não para de tocar, é tanta coisa, o que eu tava pensando mesmo?
- Mariana, tem que mandar mais esse texto junto com o outro, o chefe pediu.
- Quê? Não acredito! Ai será que vai dar tempo de terminar esses dois textos, mandar pra gráfica...


E assim o tempo passa, a paranóia aumenta. A pessoa pode até dar conta de tudo, mas o sofrimento foi tão grande, que ao final do dia, não é possível saber se o cansaço foi mais por causa do trabalho ou de toda a ansiedade gerada. É assim com muitas mulheres, principalmente. Essa tendência para resolver cinco coisas ao mesmo tempo até que geram bons resultados. Mas se a ansiedade não estiver na história, o que pode ser considerado raro.
Durante quase toda minha vida ela esteve presente. Dores de cabeça e barriga eram freqüentes. Gostava da eficiência, de resolver tudo, entregar nos prazos e achava que era ansiosa mesmo e não tinha jeito. A coisa tomou uma dimensão que eu não esperava. Passei a sentir dores e enjôos horrorosos. Chorar e não sentir fome! Não sentir fome? Puta merda, é o fim do mundo! Quem já me conheceu nesta vida reclamando: “ai que falta de apetite”. Bom, isso era um sinal gravíssimo! Aí, a gente acorda pra vida, ouve quem quiser e procura tratar com os especialistas no assunto. Não precisa contar todo o caminho porque é tão comum como feijão com arroz! Essa historinha não é pra encher meu blog, tudo bem que tem um bom tempo que não sento a bunda na cadeira pra dizer algo que estou a fim. A moral da história é a seguinte: está maricotamente comprovado que vida sem problemas e horários é quase impossível, mas há vida sem ansiedade. É possível existir espécies que resistem à ansiedade. Estou me tornando uma delas. E sinceramente, que Maricota legal tenho me tornado! Bacana ver tudo pipocando e você resolvendo uma coisa de cada vez sem a palavra depois bombardeando seus pensamentos. Como é gostoso ser você de verdade. Porque ninguém é ansioso, se torna ansioso. Acredito nisso.
É essa a historinha de hoje. Se conselho fosse bom a gente vendia. Então, a rede é sua ,uai! Cuide-se! Beijocas!