sábado, 7 de janeiro de 2012

Pra não dizer que não falei de como me sinto



É hora de agir. Sabe que tem uma grande decisão pela frente. A barriga dói, ansiedade aumenta. Tenta ficar firme porque a escolha depende de você. O que o faz pensar que é necessário ficar calmo? A razão? Respirar lentamente e centrar na questão. Avaliar as possibilidades do sim e do não. Medo? Mais que comum. Liga pra alguém. Um amigo a quem confia seus segredos. O pai a lhe dar conselhos maduros. Alguém que viveu bons pedaços. Quer falar com sua avó. A experiência dela lhe traz a segurança de que certas decisões são necessárias. Escuta música. Liga para outro amigo. Talvez chore um pouco. É certo que a qualquer hora o tabuleiro vai se alterar. Come um doce. Dois. Três. Um pacote deles.


Senta num canto qualquer. Apega-se aos seus critérios de escolha. Eles passam pelas experiências concretas, pela moral e pelo senso humanista. Eles pautam suas decisões. Não há outros intermediários. Eles nunca existiram dentro de você. Um dia você tentou por pressões externas, comodidade, aceitação... Talvez. Mas não crê que alguém que nunca existiu pra você possa te ajudar. Não existe. Sem link e vias. Em determinada época você aceitou colarem em suas querências da mesma forma em que o homem de lata aceitou a figura do coração. Você colou e tentou acreditar. Não aconteceu o espaço. É muita força que se tem que fazer quando algo é figura sem sentido. O homem de lata acreditou no coração. Eu não acreditei no que tentei colar em mim.

A xícara de café bem quente sem açúcar. Gole e pensamento. Pausa. Outro gole já frio. Olha a chuva. Esquece-se da decisão. Enxerga que você é infinitamente pequeno diante de tantos problemas no universo. Seu problema fica menor. Bem menor. Você é um pontinho quase apagado. A barriga para de doer. Cessa a chuva e o sol brilha. Tudo queimando novamente. Nada muda porque você muda. Não é uma catástrofe. A ansiedade some. A fome aumenta. Tudo vivo dentro de você. Anima-se. Decide. Liga pra alguém. Quer comemorar a escolha.