Lá vem ela de novo. A falta do contato físico. O processo de
aceitar que ela levou alguém.
Não é má nem bruxa. Talvez seja aquela que equilibra, transforma, organiza.
Não é má nem bruxa. Talvez seja aquela que equilibra, transforma, organiza.
A morte tem o dom de deixar algumas relações insignificantes.
Quem nunca abraçou o inimigo depois de uma grande perda? Tudo é mesmo relativo.
Não é hipocrisia. O ódio só é muito enquanto não há grandes perdas. É comum as
coisas ficarem sem importância.
A morte organiza a atenção. Com o vazio ela mostra o quanto
precisamos dos outros. O quanto cabe na nossa sala de estar, nos espaços em branco.
E a gente encontra um, outro, mais outro. A vida tem nova redistribuição.
Também tem a hora de deixar a morte de lado. Cansa pensar
nela. É bom falar das pessoas que se foram com mais alegria. E é lógico ter
tempo para as piadas, situações engraçadas.
É a mais pura verdade dizer que a morte sempre vai representar
o início. Não que eu a venere. Agora parece absurdo dizer isso, mas a morte carrega
consigo uma sacada de mestre.