segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fé move pressões

Precisamos controlar nossas paixões para sobreviver ao mundo externo, pois imagine se cada um vivesse de acordo com seus impulsos irracionais? Bem, somos parte de um processo de civilização das sociedades, partindo de uma visão grosseira sobre as teorias da civilização. Como queremos “adequar” ao meio em que vivemos, vamos aderindo às regras sociais e, no uso das faculdades mentais, negociando entre paixões e razões... Isso certamente nós trará boa dose de ansiedade, stress, contrariedade, pois imagine (a bem grosso modo) você louca pra voar no pescoço do sujeito que te sacaneou puxando-lhe o tapete num grande projeto e tendo que se reunir com ele na segunda porque é seu chefe. Temos escolhas é claro, mas entre elas há o meio termo da negociação entre razão e emoção, o qual fica a cargo da inteligência... E nas altas tensões, onde a negociação entre essas forças está em grande freqüência, nos sentimos vulneráveis, aptos a encontrar apoio numa experiência que proporcione certa tranqüilidade. Há quem goste das sessões de terapia, outros de cantar no chuveiro, outros de danar a comer, outros de meditar e outros de agarrar à religiosidade (não descartando as inúmeras outras opções).
De todas essas escolhas, a minha preferida para falar hoje é sobre um dos efeitos da religião. Independente do credo, o fator de se agarrar a algo sobrenatural é fantástico aniquilador de tensões. Sem nenhuma crítica, a questão aqui é falar que tem toda razão os cientistas americanos em defender o fator fé, estudado num meio de pessoas idosas, como responsável também por reduzir as chances de problemas cardiovasculares (ver em http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/05/fe-previne-doenca-cardiovascular-afirma-estudo-americano.html) Não tenho conhecimento técnico do assunto, por isso atenho a minha simplista interpretação, concordando com o resultado do estudo. Pensando bem, imagine que você tem um problema sério na família e não pode contar a ninguém como está se sentindo ao longo dos dias? Como ficaria? No meu caso me sentiria estressada, preocupada, distraída, com insônia e os sintomas só piorariam. Mas se tem a permissão de contar ao seu melhor amigo? O problema continua, entretanto você tem a sensação de dividir o peso, de ter alguém pra contar, mesmo que ele não resolva, sendo sua presença na história apenas um fator “fictício” de possibilidade de ajuda. Isso já altera muita coisa. E aí fica mais “leve” e talvez tenha tempo para raciocinar sobre a resolução do problema ao invés de martelar o quanto tem sido difícil, aumentando o stress, pressão cardiovascular e dores de cabeça. Penso que a religião atue semelhantemente. Você compartilha o problema com Deus (ou Deuses ou os santos, entidades no caso de muitas religiões) e acredita que dividiu a carga com alguém que te ajudará. É uma situação fictícia, pois não existe, mas a sua fé faz com que ela passe a ser “real”. A partir daí você não está mais sozinho, não tem que “resolver” tudo sozinho, existe alguém para lhe ajudar e a responsabilidade (mesmo que você racionalmente saiba que deuses não batem cartão) fica mais equilibrada. Então, vale a pena ter fé?
Bem, segundo os estudos científicos (que ainda são estudos) a mudança de comportamento em relação à fé traz benefícios à saúde, mas quando entramos no assunto das REDES, me permito dizer: faça o que achar melhor! Viva a experiência que acreditar que vai aliviar seu stress, dividindo seus problemas com o sobrenatural, com analistas, com amigos ou digerindo-os num ato solitário. O importante é sentir-se bem sem perder a noção de quem é a responsabilidade, já que deseja ser você mesmo, com toda condução que existe em seu fio de vida... Boa decisão!