terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A alma e a casa


“Amar é mudar a alma de casa”... Quando Mário Quintana disse isso, talvez pensasse no quanto o amor, o enamorar-se provoca mudanças, aguçando a percepção da vida sob outro prisma... Pode ser...

Olhei bem pra frase e pensei “como estes escritores são porretas”! Não estava enamorada nem apaixonada, mas vivendo uma situação que era preciso mudar a alma de casa. Era uma leitura que dizia que amar era alterar um modelo cômodo e agradável aos amados. Agir diferente é a melhor demonstração de amor que podemos dar. A casa da alma não pode ser sempre a mesma: a cozinha arrumada, roupa lavada, crianças limpinhas, pão e o café na mão, fruta mastigada na boca feito um sabiá alimentando os filhotes. Mas por quê?
Bem... acredito que modelos tem ciclos de vida. Num determinado tempo eles não podem ser mais habitado por aquela alma... Às vezes é necessário reinventá-lo, outras remodelá-lo. É... Amar exige sacrifícios, pois a vida seria bem mais confortável se os ninhos fossem para sempre, hein? Mas aí é que mora o perigo da palavra cuidar! Confundimos desde cedo, tornando-a sinônimo de escravizar. Escravizamos pais, maridos, mulheres, filhos, irmãos num jogo perigoso e catastrófico. Dedicar exclusivamente, viver em função, respirar o ar que respira: são as frases popularmente conhecidas quando a palavra assume este sentido.
E quando mudamos nossa alma de casa? Ah... É bem certo ouvir “você não cuida mais de mim”, “não me ama mais”, “egoísta”. Serão as palavras mais bonitinhas... Por isso mesmo é que não devemos fraquejar! Assim, pensar constantemente se nossas almas estão na casa certa, se o tempo já não desgastou as paredes e será preciso um “lugar” diferente, é questão de urgência. E que a frase - amar é mudar a alma de casa – passe a ser cada dia mais óbvia e necessária!
Escrevi esse texto em 09/01/09 ...continua presente em minhas reflexões...