terça-feira, 23 de março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

Por um fio



Pediu pingado e pão besuntado com manteiga. Vinte minutos pra decidir sobre a proposta da mulher. Era pegar ou largar.

Mastigava pensamentos...

“Mas Gustavo, você ficou louco? Como vai largar tudo e se mudar pra um lugar que não tem nem luz elétrica!”

“Que isso! Você é o máximo! Vai com a cara e a coragem abrir um restaurante na praia! Que manero, lugar alternativo! Estou com inveja de você amigão.”

“Puta merda! Sabia que aquela mulher não lhe faria bem. Deu nisso! Agora aquela impulsiva vai te carregar pro inferno! Olha, não quero intrometer, mas você não era assim, acho que é influência dela. Tudo culpa dela!”

“Ai que romântico Gustavo! Jantares à luz de velas naquela praia maravilhooooooosa! Minha amiga tem muita sorte de ter um marido como você.”

“Por mim, Gustavo, você vai pra China, mas não se esqueça de pagar a pensão religiosamente todo dia cinco! Já pensou que seu filho vai crescer sem conviver com o pai?”

“Barrigada perdida! Cada dia tenho mais certeza que não adianta nada a gente pagar universidade, MBA, aula de judô, natação! Que desgraça! Vai pegar seus diplomas e usar numa cozinha? Você tá pensando o que da vida? Que tudo é muito fácil?”

Engoliu os “conselhos” com a comida. Quem ele preferia ser? Louco, alternativo, camisolão, romântico, desnaturado, irresponsável? O fio do medo tomou conta da espinha. Um arrepio. Queria aquilo. Mas como explicar pra todo mundo? Cinco minutos...Putz! Logo agora aquela dor de barriga. Não podia esperar decidir? Garçom, a conta! Rápido!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Escolhi começar as postagens no blog com a música que Carmem Miranda interpretou com tanto sucesso porque, pra mim, ilustra a atuação da REDE em assuntos particulares...
Bem verdade estamos num século em que negar o poder das REDES sociais para a negociação de bens e serviços é pedir pra ser apedrejado. Lidamos com uma lógica de mercado que exige saber transitar entre as diferentes ferramentas da comunicação. E para estar aberto a esse mundo, onde o relógio parece correr contra nossas preocupações "caseiras", negociar na REDE tem exigido muitas estratégias, entre elas gosto de citar a criatividade, o senso de inovação e a busca pelo conhecimento.
Mas, a REDE a que me refiro são as das relações pessoais. Não é aquela que gera negócios. Pode até gerar, pois não podemos desconsiderar o "recebi um e-mail de fulano dizendo que lá na empresa do irmão estão precisando de gente na sua área, aí te indiquei". Sabe como? Então, esse tipo de coisa vive acontecendo e, ligados nisso, temos alimentado nossos contatos de REDE. Bom, mas existe um outro aspecto dessa REDE pessoal que quero tratar neste blog com mais delongas. Se trata da popularmente chamada "mania de dar pitaco na vida alheia". O processo de opiniões pipocando na sua vida é tão "natural" que há momentos em que perdemos a noção de quanto somos nós mesmos. Namorar, casar, ter filhos, separar, todas as fases geram burburinhos, evoluem para coro composto pelos integrantes da REDE que se acham competentes para decidir sobre a vida dos amigos. Esperem! Não sou benta nesta história! Já dei pitacos e mais pitacos. Mas também experimentei o inverso, como todo mortal...
Muitos vão dizer que agem como pensam...Se você diz, quem sou eu pra duvidar. Mas sinceramente, já parou pra avaliar quanta coisa você faz porque é valorizado por terceiros? Quantas decisões importantes sobre quem e quando escolher você tomou sem se importar muito com o seu valor? É ingênuo não mencionar que valor é construído socialmente, na cultura em que estamos inseridos, na família em que nascemos. Essas REDES estão antes de nós, note a frase "quando tiver um filho, quero que siga a profissão do avô". O indivíduo não colocou nem o dedinho pra fora da barriga da mãe e tem gente querendo querendo querendo... Sonhos, desejos, querer o bem é humano e muitas vezes um sentimento maternal.
E assim, botamos o pezinho no mundo e começamos a engordar nossa REDE. Aí vem a questão: isso é ruim? Acredito que não. Até porque vivemos em sociedade e REDES é princípio básico. A reflexão aqui é como "conectamos" em REDE sem perder o fio condutor.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Me disseram que voltei americanizada
Com burro do dinheiro
Que estou muito rica
Que não suporto mais o breque do pandeiro
E vivo arrepiada ouvindo cuíca
Disseram que com as mãos
Estou preocupada
E corre por aí um certo zum zum
Que já não tenho molho, ritmo, nem nada
E dos balangandans já "nem" existe mais nenhum
Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno
Eu posso lá ficar americanizada
Eu nasci com o samba e vivo no sereno
Topando a noite inteira a velha batucada
Nas rodas de malandro minha preferidas
Eu digo mesmo eu te amo, e nunca I love you
Enquanto houver Brasil
Na hora das comidas
Eu sou do camarão ensopadinho com chuchu.

Disseram que eu voltei americanizada
Carmem Miranda
Composição (Luis Peixoto e Vicente Paiva)